Entre os meses de setembro e dezembro de 2012, a equipe do Parque das Neblinas dedicou especial atenção à coleta e beneficiamento dos frutos da palmeira-juçara. Espécie ameaçada de extinção, sua conservação depende de estratégias integradas, que passam pelo manejo de seus frutos para a produção de polpa – muito semelhante à polpa do açaí – e devolução das sementes aos remanescentes de Mata Atlântica.

 

Assim como a juçara desempenha papel fundamental na dinâmica da floresta, o envolvimento de proprietários rurais é essencial para a proteção do bioma. Pensando nisso, o Programa de Manejo Comunitário da Palmeira-Juçara, uma iniciativa do Parque das Neblinas, busca, desde 2007, a valorização de remanescentes florestais e o engajamento de proprietários rurais por meio do manejo de espécies nativas da Mata Atlântica.

 

É nessas propriedades que estão presentes os remanescentes florestais com matrizes de juçara na região e, portanto, são eles que viabilizam a conservação da espécie e o fornecimento de frutos. Esses proprietários vêm construindo, em conjunto com o PN, o embrião de uma cadeia produtiva em torno das espécies nativas, de forma que seu manejo sustentável possa gradativamente se tornar uma realidade na comunidade e efetivamente contribuir, num futuro próximo, para a valorização dos remanescentes com a geração de renda.

 

Atualmente, 60 proprietários do distrito de Taiaçupeba fazem parte do Programa, que já distribuiu mais de 4,5 milhões de sementes na floresta.

 

No último período de colheita, foram coletados 665 kg de frutos, o que gerou aproximadamente 340 litros de polpa e 530 kg de sementes. A polpa será utilizada na gastronomia, em diversas receitas servidas aos visitantes do Parque das Neblinas, funcionando inclusive como ferramenta de educação ambiental. As sementes foram plantadas nas áreas de reintrodução da espécie no Parque, totalizando cerca de 100 hectares.