17 set
Quem nunca?
Trocar o carro por uma bicicleta é sustentável? É difícil alguém dizer: “não”. Mas, na verdade, depende. Em cidades da Europa é uma escolha inteligente principalmente por causa de um fator determinante: as planícies. Por lá, é tudo muito plano, o que facilita muito se movimentar pela cidade em duas rodas. Além do endosso e cuidado sociais para a prática. Numa cidade como São Paulo, com suas subidas e descidas íngremes, que, às vezes, dificultam até o motor de um carro 1.0, ausência de educação para o trânsito, com riscos sérios para os ciclistas, espaços impossíveis para reunir carros, ônibus, caminhões, motos e ciclistas ao mesmo tempo… a ideia tem ares de “suicídio anunciado”. Se a ideia coloca em risco a integridade física da pessoa, não pode ser sustentável. A prática, possível para alguns em função da facilidade e segurança relativa para o trajeto, e, portanto, praticável, carece de soluções sustentáveis para ser generalizada: bom e seguro para todos. Demanda cobrança política para que gestores públicos viabilizem os cuidados necessários e educação para que haja respeito e cuidado com todos no trânsito, mesmo que intenso, nas cidades. Se não, melhor ir a pé. Ou compartilhar o carro com mais passageiros. Alguns partilham o mesmo carro, abdicando da posição de único proprietário, partilhando custos, inclusive.
Outro exemplo: reciclagem. É sustentável? Na verdade, depende. Tem uma história curiosa que ocorreu numa escola. Uma professora pediu para que as crianças levassem para a aula algumas garrafas pet de refrigerante tamanho micro com o objetivo de mostrar que é possível reutilizá-las, fazendo “obras de arte”. A criança pediu para a mãe, que não tem o hábito de comprar esse tipo de produto. A mãe teve de ir ao supermercado, comprar o refrigerante, jogar o conteúdo fora, pois não é o alimento mais saudável (e gostoso), e dar para a criança levar para a aula. O resultado foi quase uma peça de arte abstrata que nem a avó mais amorosa toparia exibir na estante. O destino inevitável, com o passar do tempo, foi o lixo, reciclável, no caso! Ou seja, o que a criança aprendeu? A comprar algo que não precisa, para fazer uma coisa que não quer e que o destino final será o lixo, ou na melhor das hipóteses, o lixo reciclável. Cadê os cinco erres? Repense hábitos de consumo e descarte – você precisa mesmo? Se sim, após consumir, pratique a coleta seletiva, Recuse – não consuma produtos que prejudiquem a saúde e o meio ambiente, Reduza – consuma menos, Reutilize – amplie a vida útil do produto, por exemplo, use os dois lados de um papel para escrever, e finalmente, Recicle, separando os materiais: vidro, plástico, papel, metal e orgânico.
Antes de propagar ou adotar ideias pré-concebidas sobre sustentabilidade, repense. Avalie criticamente. A sustentabilidade é tarefa possível, mas não tem respostas fáceis. Se encontrar uma boa ideia, compartilhe com a gente.