O mês de setembro marca o início do melhor período para a prática da observação de aves no País: a primavera é a época de reprodução de uma grande parte das espécies e isso as tornas mais ativas e, consequentemente, mais fáceis de serem avistadas. O birdwatching, que têm como objetivo registrar e contemplar estes animais em seu habitat natural, é uma ação considerada de baixo impacto ambiental, pois respeita seus hábitos e não interfere no território. Além disso, a prática muitas vezes contribui com a ciência e conservação ambiental.
Pela diversidade de espécies encontradas no Parque das Neblinas, reserva ambiental da Suzano gerida pelo Instituto Ecofuturo, localizada em Mogi das Cruzes e Bertioga, na região da Serra do Mar de São Paulo, o local atrai os chamados birdwatchers ou, como também são conhecidos, observadores de aves. Na área, 255 espécies de aves já foram identificadas, sendo 33 endêmicas da Mata Atlântica e três com algum grau de ameaça, como a araponga (Procnias nudicollis). Por lá, um observador registra em média, a cada três dias, 87 espécies, podendo observar até 72 em uma só manhã.
A prática da atividade não é apenas um hobby: os flagras também podem contribuir com a ciência. O birdwatching é uma oportunidade para que não cientistas ajudem na identificação e catalogação de aves, e isso tem impacto para ações de conservação, pois há um aumento dos dados científicos sobre as espécies. No Parque, as 10 últimas espécies de aves registradas foram resultado de um encontro de observadores e pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e do Reino Unido, que participaram do Avistar 2019 e visitaram a reserva durante o evento. Nesta ocasião, entre os novos avistamentos, houve, pela primeira vez no local, o registro do araçari-poca (Selenidera maculirostris).
Atualmente, o Brasil é o terceiro país com maior diversidade de aves no mundo e o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) lançou recentemente uma lista atualizada de Aves do Brasil. Agora, o levantamento conta com 1.971 espécies – 40 novas identificações e 35 subespécies que foram reclassificadas como espécies –, das quais 293 são endêmicas, ou seja, ocorrem apenas em território nacional. Mais da metade das novas espécies foram registradas por observadores de aves.
“A primavera e o verão são os melhores períodos para observação de aves, já que ocorre a reprodução de várias espécies e isso faz com que os machos fiquem mais ativos e, também, cantem de forma mais frequente para atrair as fêmeas. Somado a isso, o Parque das Neblinas está em um bioma privilegiado para a atividade: a Mata Atlântica abriga mais de 600 das espécies registradas no País. Na reserva, devido à diversidade de aves e ao grau de conservação da área, é possível observar o entufado (Merulaxis ater) e o corocoxó (Carpornis cucullata), espécies classificadas pela lista IUCN como em ameaça – além, é claro, da possibilidade de contemplar a clássica dança de “sedução” do tangará-dançarino (Chiroxiphia caudata)”, conta Ronaldo Cardoso, praticante e guia de observação de aves no Parque das Neblinas.
Se interessou pela atividade? Conheça o Parque das Neblinas. Para mais informações, dúvidas e agendamento, envie um e-mail para rsgona@hotmail.com ou parquedasneblinas@ecofuturo.org.br.