Por que deveria ser? O usuário de uma biblioteca é um leitor – mesmo aquele não alfabetizado; o usuário de biblioteca é aquele que vai se encontrar com a leitura, seja lendo por si mesmo, seja ouvindo de alguém que lê para ele ou tomando livro de empréstimo. Portanto, o que conta na relação com o usuário de uma biblioteca (quando ele é usuário de fato) é a hospitalidade da leitura nos diversos modos que cumpre a uma biblioteca oferecer.

 

Apenas utilizar o computador ou se dedicar a um passatempo sem qualquer relação com a leitura não é ser usuário de biblioteca, mesmo que tudo isso esteja sendo feito nesse espaço. Do mesmo modo, simplesmente entrar na biblioteca não é necessariamente usufruir dos serviços que são a sua razão de ser. Portanto, é preciso mais do que “passar por ali”. Se na hora de fazer o balanço do mês essas pessoas engrossam as estatísticas de frequência, não significa que utilizem a biblioteca para ler ou emprestar livros. Do mesmo modo, o número de pessoas cadastradas em uma biblioteca não é o mesmo que usuários atendidos, pois muitos podem possuir a carteirinha sem nunca utilizá-la e nunca terem entrado ali para tarefas relacionadas a efetivamente ler.

 

Sendo um equipamento que não pode passar ao largo da sistematização de dados, uma forma de analisar o alcance dos serviços prestados por uma biblioteca é o foco no número de leitores: quantos alugaram livros e participaram das atividades de leitura, por exemplo? Além disso se pode incentivar os frequentadores a registrarem em um caderno a sua passagem pela biblioteca juntamente com os livros que leram durante o tempo de permanência no espaço.

 

Se todo mundo que passa pela biblioteca, independentemente do que vai fazer lá, é computado como usuário, estamos contando errado. E não se trata de um erro matemático – pode significar apenas que não estamos realmente atentos ao verdadeiro significado de usuário.