15 jan
Nossa Homenagem a Bartolomeu Campos de Queirós, morto nesta segunda-feira
“A infância e o livro se juntam para, em liberdade, sonhar com um mundo iluminado com a luz própria advinda da sua mesma humanidade”, frase do poeta Bartolomeu Campos de Queirós, falecido na madrugada de hoje. O escritor mineiro nos deixou algumas preciosidades como as publicações “ A infância e o livro” e “ Para bem escrever”, escritas especialmente para os projetos do Instituto Ecofuturo. Deixamos aqui a nossa homenagem a este poeta que escrevia lindamente e que nos encantou com sua doçura e boa prosa.
Com Bartolomeu aprendemos, entre outras coisas, que a literatura dá corpo aos nossos desejos. Conversa com nossas inquietações. Nos abre para novos entendimentos. “É o objeto capaz de nos propor o mais fecundo dos diálogos: quando o eu real, no espaço do silêncio, conversa com o eu ideal”, como sustenta brilhantemente o autor em A infância e o livro, escrito especialmente para o Dia Nacional da Leitura.
Numa prosa repleta de poesia, generosa em satisfazer nossa necessidade de beleza, Bartolomeu nos apresenta a literatura como objeto indispensável para a educação da sensibilidade – por comportar em si o real e o fantasioso, o que é e o que pode vir a ser; uma soma do que vivemos com o que poderia ter sido. É o diálogo entre o vivido e o imaginado.
A sensibilidade então se mostra intimamente associada ao cuidado, pois é o refinamento dos sentidos o que nos dá condições de nos relacionarmos com o mundo, cujos mistérios nos convidam a constantemente nos reinventarmos. Garantir às crianças o direito ao diálogo entre o vivido e o imaginado se torna, assim, uma “pedagogia permanente”, atrelada a cada gesto nosso, nos pondo à escuta do mundo vivido e do mundo sonhado pelos pequeninos. Aí, já não seremos mais “aqueles que ensinam”, mas intermediários entre a criança e seu sonho.
Por sua profundidade e beleza, A infância e o livro está destinado àquele tipo de leitura que é impossível não compartilhar.