18 mar
HABEMUS PAPAM E O APOCALÍPSE DA LINGUAGEM
Desde quarta-feira, o mundo resolveu falar latim, tida como uma língua morta – ou mais pra lá do que pra cá. Pois eis que, como um milagre, ela ressuscita em …. bits.
Pelas redes sociais, muita gente deixou o que estava fazendo de lado para dar a notícia: “Habemus papam!”. E em seguida: “E é argentino!”.
Mas, passada a euforia, e eu com isso? Na verdade, entender latim pode ser interessantíssimo e bem mais útil do que de tempos em tempos quando os católicos escolhem um novo papa. Saber a origem das palavras, a etimologia, ajuda a pensar e expressar as ideias com mais exatidão.
Sustentabilidade, por exemplo. . De acordo com o site origemdapalavra.com.br, sustentável vem de ‘sustentar’, do latim SUSTINERE, ‘aguentar, apoiar, suportar’, de SUB-, ‘abaixo’, mais TENERE, ‘segurar, agarrar’”. Ou seja, sustentável é aquilo que agarra por baixo, uma raiz que segura todo o resto. Pense nisso antes de dizer que algo é “sustentável” ou não.
Mas em latim ou em português, o que dizemos – oralmente ou pela escrita – não é a ideia em si, como explica o editor Julio Silveira, em artigo publicado no Publishnews (clique aqui para ler): as letras do alfabeto “são códigos que emulam e representam as ideias”. Certamente foi baseado nesta informação que Fernando Pessoa escreve “o universo não é uma ideia minha. A minha ideia de universo é que é uma ideia minha”.
Mas e quando os códigos não são necessários? “Em fevereiro, dois ratos de laboratório transmitiram ideias entre si. Um estava nos Estados Unidos, outro no Brasil. Nessa “publicação” mútua, não se usou código algum, nenhuma linguagem, sonora ou visual, nenhum condicionamento ou aprendizado. A ideia passou do córtex cerebral de um roedor a outro, pela internet”, conta Silveira.
Seria o final dos livros ou até mesmo das línguas? Será que, num futuro distante, tanto o latim quanto o português, o inglês e o russo serão apenas história? E como essa história será contada? Em bits?