15 jul

FAZER SENTIR

FAZER SENTIR
 “Minha mãe morreu em janeiro desse ano. Meu sobrinho outro dia estava brincando com um balão e jogando bem alto: ‘Numa dessas, talvez minha avó pegue’. Acho que ele foi muito escritor nesse momento”, Carlos de Brito e Mello, escritor, durante a Festa Literária de Paraty 2012. ( a frase do Carlos de Brito foi retirada do blog A Biblioteca de Raquel, de Raquel Cozer – a íntegra da reportagem pode ser lida neste link http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/07/10/frases-da-flip-para-encerrar-o-assunto/)

Todos nós somos escritores. Os seres humanos nascem com a habilidade de se comunicar pela palavra. Falada e, com o tempo e com o privilégio de ensinamentos em casa e na escola, escrita.

Ser escritor é, antes de tudo, um ato de liberdade. Um grito (ou um sussurro) em que os seis sentidos fazem mais sentido do que a razão. É sair do lugar comum e tornar real o que o racional diz que é impossível.

Meu nome é Leandro Nomura, sou jornalista, e redator deste blog. Quando eu era criança, a minha pior nota na escola era em Português. Não entrava na minha cabeça a difícil gramática dessa língua. Futuro do pretérito? Oi? É futuro ou é pretérito? Futuro do subjuntivo? Mas o que é subjuntivo?

A vida me levou para longe dos meus amigos no meio da adolescência num momento em que a internet não era uma realidade pra mim. Comecei a me corresponder por cartas e, com o tempo, peguei gosto pela coisa. Adorava descrever a minha vida nova, o meu sofrimento, “as dores e as delicias” de ser eu. Foi quando surgiu a ideia de ser jornalista. Minha mãe obviamente foi contra, pois sabia da minha inaptidão para conhecer a gramática portuguesa. Nunca vou esquecer quando ela me obrigou a escrever “começar” 100 vezes numa folha de papel para aprender que essa palavra é com “ç”.

Mas todos nós somos escritores. O que falta é prática. Inspiração é importante, mas não é o fundamental. Às vezes, uma frase basta. Uma foto. Um sentimento. Um filme. Uma notícia. Mas inspiração é só o começo. E eu pratiquei muito, li muito e, com o tempo, fui pegando jeito. Me formei, trabalhei nos principais jornais do país e, nesse meio tempo, fui um pouco escritor ao publicar um texto no livro Somos e Queremos, resultado do 5o Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso  Também escrevi um conto infantil que foi publicado na revista Crescer ( http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI12312-10535,00.html ).

E para você, professor e educador, o que falta para girar essa estrela? Prática? Inspiração? Vou propor um desafio. É mais fácil a gente escrever sobre aquilo que a gente já tem certa intimidade, então, olhe ao seu redor. Qual é a coisa mais bonita que você está vendo nesse momento. Pode ser uma pessoa, um objeto ou uma sensação. Tente lembrar como vocês se conheceram ou como esse objeto chegou até você. Quais sentidos isso te desperta? O que só você vê nele? Qual o detalhe que para você é fundamental, mas para as outras pessoas passam batido? Qual a característica que o torna especial perto de todas as coisas que estão na sua frente agora? Por que isso te chama a atenção?

Agora, use o espaço de comentários aqui embaixo para escrever um parágrafo sobre tudo isso que passou por sua cabeça. Não precisa fazer sentido. Precisa fazer sentir.

Desafie-se. Gire uma estrela. Liberte-se.

PS: ainda não sei o que é futuro do subjuntivo, mas devo usar bastante.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Deixe seu comentário