04 jul
E de um livro brotou uma flor
E de um livro brotou uma flor
“Uma flor nasceu na rua!/Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego./Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto./Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu.”
A ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva buscou num poema de Carlos Drummond de Andrade a inspiração para escrever o artigo sobre a Rio+20 na Folha de S.Paulo (a gente recomenda ser lido na íntegra aqui http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marinasilva/1112266-falar-de-flor.shtml). “Após o paralisante ‘nada a declarar’ de líderes mundiais na Rio+20, é preciso muita poesia para manter a persistência que –como diz o apóstolo– produz a esperança. E então a acidez singela da poesia de Drummond veio em socorro de minha fome poética. O genial poeta itabirano celebra o nascimento de uma flor na fresta do asfalto, superando a indiferença humana e o pesado invólucro da civilização”, diz ela.
E continua: “Desde a retomada da democracia vemos o florescimento de movimentos sociais antes abafados pelo autoritarismo, com um ideário amplo que antecipava o novo milênio. Essa é a flor que agora irrompe no asfalto. Sua delicadeza denuncia as rachaduras do sistema que já não consegue impedi-la de brotar”.
Marina finaliza: “Aqui se revela a necessidade da utopia, que ultrapassa as ilusões limitantes do pragmatismo e reafirma a força da esperança, sem a qual não há futuro. No fim das contas –Drummond sabia–, é a poesia que faz brotar a flor”
A gente concorda. É a poesia que faz brotar a flor. É a inspiração, o olhar 360o que foge dos limites da burocracia, a beleza, a palavra, o cuidado e a esperança que criam a vida que a gente quer localmente, que se transforma, no futuro, no melhor lugar do mundo para todo mundo. A literatura é semente que faz brotar a flor ou a árvore nos lugares mais inóspitos, como já falamos neste post.
A literatura está umbilicalmente ligada à sustentabilidade. São peças centrais desde nosso quebra-cabeça. Um excelente exemplo disso, é o projeto Com Contos Mudo a Minha Comunidade, vencedor do 1o Prêmio Ecofuturo de Educação para Sustentabilidade, de autoria do professor Samuel Moreira Barboza (você pode ler o projeto completo baixando o livro Saber Cuidar na nossa Biblioteca Virtual
“É por meio de contos que buscamos uma aproximação espontânea da comunidade com a escola, pois os alunos nesse projeto contam, dramatizam, lêem histórias, declamam poesias e textos de literatura de cordéis nas praças do bairro, pontos de ônibus, calçadas etc., com temas de valores humanos, cuidados com animais, as crianças e o patrimônio público, mobilizando para a participação em uma horta comunitária e ações de preservação da escola”, diz o projeto, que explica ainda: “As crianças levaram para a escola várias mudas de plantas para começarmos a horta, que foi um dos compromissos que fizeram aos protetores da natureza, Caipora e Curupira. A maioria eram plantas medicinais. Fizemos o plantio das mudas e estudamos para que servia cada uma”. Legal, né?
E pra você, qual a relação de literatura e sustentabilidade? Qual livro te inspira? Qual o seu trecho preferido? Conte pra gente. Use-o como inspiração para tecer sua ideia e participar do 3o. Premio. As inscrições estão abertas.
Inspire-se. Integre-se. Brote e faça brotar.