04.12.2024

Bugio é registrado no Parque das Neblinas após seis anos de ausência

            Pela primeira vez, desde 2018, um bugio (Alouatta sp.) foi registrado no Parque das Neblinas, reserva de ambiental da Suzano S.A. gerida pelo Instituto Ecofuturo. A espécie foi identificada pela equipe do Instituto por meio de sua vocalização, registrada em vídeo na ocasião. A ausência da espécie na área é consequência do surto de febre amarela que afetou a população de bugios, espécie mais sensível à doença do que outros primatas.

O som característico da espécie foi registrado pela equipe de guarda-parques durante uma ida a campo na área da RPPN Ecofuturo, um espaço mais preservado localizado no centro da área do Parque. “Até esse período [surto de febre amarela], nós registrávamos regularmente a presença do bugio na área e, após o surto, ele não havia mais sido visto. Por isso, o registro é tão relevante e animador” afirma David Almeida, supervisor de operações do Ecofuturo.

Na época, a febre amarela vitimou uma grande população de primatas, tanto os que habitavam áreas urbanas, em zoológicos e parques, quanto os que viviam na natureza. A estimativa é que mais de 5 mil primatas tenham morrido pela doença e pela violência humana, consequência de má informação – houve casos de envenenamento e até espancamento desses animais. Além de não serem transmissores, os primatas funcionam como bioindicadores ao acionar um alerta sobre surtos da doença.

A aparição dos bugios no Parque das Neblinas representa um importante indicativo da força de recuperação da biodiversidade da Mata Atlântica e sinaliza que a reserva oferece as condições necessárias para a alimentação, habitat e reprodução da espécie.

“Ficamos felizes com a constatação de que os bugios podem estar retornando aos poucos ao Parque das Neblinas e que o Ecofuturo e a Suzano estão contribuindo para a conservação deste primata”, diz Fabiano Rodrigues de Melo, biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

O Parque das Neblinas, localizado em Mogi das Cruzes e Bertioga (SP), é uma reserva de Mata Atlântica com 7 mil hectares em diversos estágios de regeneração e abriga mais de 1,3 mil espécies de fauna e flora já registradas no local, sendo nove de primatas e, entre elas, o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides).

Confira o registro no canal do Instituto no Youtube: https://youtube.com/shorts/aFLSNOepvZY