O Parque das Neblinas, reserva ambiental da Suzano gerida pelo Instituto Ecofuturo, é um dos campos de estudo para a tese de doutorado do biólogo Wagner Luiz dos Santos, para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa tem o objetivo de analisar o grupo vegetal das briófitas, em especial, os musgos, e uma das amostras coletadas na reserva resultou em uma constatação importante: a presença da Fissidens pseudoplurisetus no local. A espécie é considerada muito rara pelos pesquisadores, e foi identificada pela primeira vez pela ciência em 2011, pela doutora em Botânica Juçara Bordin, co-orientadora de Wagner.
“Esta espécie rara, endêmica da Mata Atlântica, foi encontrada apenas em galhos e troncos, o que demonstra a importância da conservação de florestas nativas para a sua sobrevivência. Além disso, a presença dessa briófita na reserva é um indicador positivo para o contínuo trabalho em prol da restauração e conservação desenvolvido pelo Ecofuturo na área”, explica Santos.
O estudo deve ser concluído até o fim deste ano e é intitulado “Como a evolução dos sistemas sexuais se relaciona aos traços reprodutivos, à diversidade genética e à termotolerância em Fissidens hewd (Fissidentaceae, Bryopsida)”.
As briófitas são bioindicadoras de qualidade ambiental, removem poluentes da atmosfera e da água e possuem potencial fitoquímico, pois algumas apresentam propriedades medicinais. Elas também desempenham importante função para a retenção da umidade do solo e são um dos primeiros vegetais a germinar, formando, assim, uma “cama” para as demais espécies.
“É por meio do incentivo e apoio à realização de pesquisas no Parque que conseguimos ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade, compreender impactos e resultados de nossas ações na reserva, e desenvolver estratégias cada vez mais assertivas que contribuam para conservação da Mata Atlântica”, afirma Paulo Groke, diretor superintendente do Instituto Ecofuturo.
Em parcerias com universidades e instituições de pesquisa, mais de 70 estudos já foram realizados no Parque das Neblinas e, a partir deles, 1.253 espécies da fauna e da flora foram registradas na área. Há no local, ainda, 23 espécies com algum grau de ameaça, como o muriqui e a palmeira-juçara, além de três novas descobertas para a ciência: duas espécies de sapo e uma de formiga.