21 ago
Bibliotecas Sociais
Embora não pareça, a expressão “redes sociais” não é nova e não começou a ser empregada depois do surgimento da internet. E a razão é bastante simples: já éramos seres sociais milênios antes das grandes revoluções tecnológicas. Uma rede social nada mais é do que a formação de grupos de pessoas com interesses em comum, dispostas a compartilhar conteúdo e a discutir os assuntos de sua preferência.
Sendo assim, se você tem acompanhado nossa série de posts sobre os elementos indispensáveis ao bom funcionamento das bibliotecas, já deve ter percebido que, sim, a biblioteca é uma rede social – e das mais significativas para distribuição e consolidação do patrimônio da humanidade indispensável ao nosso desenvolvimento, para a sociabilidade, a comunicação e a construção da nossa identidade.
Se a expansão da Internet reavivou e popularizou o termo “rede social”, a ponto de parecer uma coisa nova, é porque a era digital aumentou vertiginosamente as possibilidades de formarmos nossas redes sociais, as condições de pertencimento a grupos afins e o compartilhamento instantâneo de conteúdos, expressando nossas ideias e desejos na construção de bens coletivos. Então, se nos dias de hoje o termo “rede social” parece “coisa de internet”, não é por acaso, uma vez que a internet trouxe ferramentas que potencializaram nossas vivências em rede: as chamadas mídias sociais.
Mídias sociais são os meios pelos quais criamos nossas redes, criamos e distribuímos conteúdos, com pessoas com os mesmos interesses que os nossos, estejamos no mesmo território ou espalhados pelos quatro cantos do mundo. Este blog, por exemplo, que pode ser acessado por pessoas interessadas em leitura de qualquer parte do planeta, é uma mídia social. Assim como o Orkut, o Facebook, o Twitter…
Portanto, quando uma biblioteca decide participar das mídias sociais, ela está ampliando o alcance da sua função de rede social por excelência. A equipe de uma biblioteca, em suas atividades diárias, gera conhecimento e materiais preciosos para o desenvolvimento de projetos de leitura, e o compartilhamento dessas informações é uma forma de incentivar a criação de projetos em outras localidades. A biblioteca cujos funcionários compartilham e discutem meios de formar novos leitores e promover ações de leitura aumenta seu impacto na comunidade, e essas ações, quando praticadas online, se ampliam e alcançam outros espaços e lugares, ultrapassando fronteiras geográficas e culturais, além de acrescentar aos usuários do espaço possibilidades de uso para além do empréstimo de livros. Publicar, trocar e discutir online é uma forma democrática e pluralista de difundir o conhecimento que só se desenvolve com a prática diária dentro do espaço da biblioteca.
“A criação de uma rede de conectividade (internet banda larga) entre as bibliotecas é mais uma forma de promoção do intercâmbio de experiência e renovação do conhecimento em um país como o nosso, com as proporções territoriais e diversidades, de modo a romper a defasagem que o isolamento geográfico inevitavelmente gera”, sustenta o Movimento Por um Brasil Literário, nosso parceiro.
A promoção de leitura ocorre através da construção, discussão e compartilhamento de informações, e este processo pode ser dinamizado e ampliado em espaços online, através de mídias sociais, como blogs, fóruns, Orkut, Facebook, Twitter, entre outras. Além disso, os leitores ganham voz ativa nessas mídias, postando sugestões, agradecimentos, solicitando informações sobre funcionamento e serviços, ou ainda se aliando à biblioteca, multiplicando em suas próprias redes sociais pessoais as informações transmitidas pela biblioteca de sua comunidade. E tem mais: um leitor participativo sempre vai querer trocar com os outros as suas experiências de leitura e pode estar aí um grande canal para uma boa prosa sobre livros e registro das impressões dos usuários sobre o serviços prestados a ele.
Conecte-se!
O uso das mídias sociais em massa é algo relativamente novo e está em pleno crescimento. Não damos conta de listar todas as suas possibilidades, mas uma coisa é certa: trata-se de uma forma de comunicação da qual não podemos deixar de participar, se queremos chegar onde o leitor está – e na maioria das vezes, ele está no Orkut ou no Facebook muito antes de descobrir a biblioteca. Não raras vezes, as mídias sociais são os únicos instrumentos de leitura diária de uma pessoa, e são frequentes os casos de quem descobriu a literatura através de alguém que num belo dia publicou uma poesia ou um microconto no Facebook.
Por se tratar de algo novo, ninguém sabe qual o “jeito certo” de se explorarem as mídias socias. É o uso frequente delas, através da interação com as pessoas e das respostas que dão aos nossos conteúdos, o que vai mostrar quais os caminhos possíveis.
A Biblioteca Comunitária Ler é Preciso de Camaçari/BA, por exemplo, mantém um blog voltado ao compartilhamento de informações sobre bibliotecas, práticas de leitura e atividades desenvolvidas na BC, como a 3° edição do Prêmio Ecofuturo de Bibliotecas Comunitárias, ocorrido no ano passado. Além disso, a ferramenta é utilizada para discutir o hábito de leitura entre adolescentes e divulgar as conquistas da Biblioteca, como a participação no edital da Fundação Biblioteca Nacional e eventos de leitura e escrita.
Em Garanhuns/PE, a Biblioteca Comunitária mantém um perfil no Facebook, onde divulga fotos, práticas de leitura e se relaciona com os outros membros da comunidade.
Já na Vila Idelmar, em Açailândia/MA, as funcionárias da Biblioteca Comunitária interagem, através dos seus perfis pessoais, com a equipe do Ecofuturo, que mantém uma página nessa rede. Dessa forma, elas compartilham conosco fotos de suas atividades e discutem os assuntos que postamos diariamente. Antônia Eliane Sousa Soares, voluntária da Biblioteca, diz que “o que não é visto não é lembrado”, por isso decidiu publicar os trabalhos das colegas em nossa rede, “no intuito de que o restante dos moradores da minha cidade façam uso dela”. Para Eliane, a troca de informações online é importante para a manutenção da biblioteca, pois muitas vezes “evita gastos financeiros e materiais que podem ser evitados através dessas mídias”.
Para acompanhar esses trabalhos em rede, acesse:
Biblioteca Comunitária Ler é Preciso de Camaçari/BA (Blog): http://bibliotecacomunitariaviladeabrantes.blogspot.com.br/
Biblioteca Comunitária Ler é Preciso de Garanhuns/PE (Facebook): https://www.facebook.com/biblioteca.lerepreciso.1
Instituto Ecofuturo (Facebook): https://www.facebook.com/InstitutoEcofuturo