18 fev

ATIVISMO EM REDE

Para que serve o senso comum de que não está acontecendo nada?
 
Existe uma noção que transita nas mais variadas conversas, da mesa de um botequim à parada do ônibus, de que é assim que as coisas são, sempre foram e sempre serão. Não é a toa que com toda a potência de Elis a música de Belchior nos ecoa como uma trilha sonora do fatalismo, “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. Paulo Freire diz que esse conformismo é um dos principais inibidores do ativismo, seja ele politico, social, ambiental etc. O objetivo do 3º. Premio Ecofuturo de Educação para a Sustentabilidade foi mostrar que, para além do senso comum, existem muitos exemplos de pessoas que foram descobrindo uma forma viável de construir uma rede para não ficar sozinho na rua com o megafone na mão.
Há exemplos de todos os tamanhos. Os grandes, como a Primavera Árabe, o Stop Stoning Now e Guarani-Kaiowá, que já falamos aqui. E os pequenos e médios movimentos, como o que estimula o cultivo doméstico de alimentos, chamado Hortelões Urbanos, que já conta com mais de 2.500 membros que trocam informações via Facebook.
 
Grandes ou pequenos, as pessoas duvidaram do sinal fechado, como a professora Sonia de Oliveira Silva, da escola EM Odynir Maganha, em Igaraçu do Tietê (SP), que nos apresentou o projeto “Mudar o Mundo a Começar de Mim”, inscrito no 3° Prêmio Ecofuturo de Educação para Sustentabilidade.  Ela relata: “No início do segundo semestre de 2012, estudávamos Biografia como matéria de Língua Portuguesa e resolvi apresentar a biografia do Grupo Greenpeace. Nesse período, eles faziam uma campanha no Facebook em defesa da Floresta Amazônica, sobre o desmatamento zero. A gente se cadastrava e votava, porque os deputados estavam votando essa lei. Então, como praticamente todos os alunos tinham uma conta no site, nos inscrevemos e participamos. Esse foi o começo. A partir dai, vieram várias outras causas que os próprios alunos traziam em pauta na sala de aula. Porque, antes de participar, nós líamos os documentos, analisávamos etc. Também tínhamos que estudar o gênero textual Carta de Leitor, que era de suma importância, pois era base da prova de conhecimento final aplicada pelo governo do estado. Então, resolvi pedir que eles escrevessem uma carta endereçada ao pessoal do Greenpeace, como uma forma de apoio ao trabalho deles[…]. As crianças escreveram as cartas, fizeram cartazes na escola, mostraram para os outros alunos, inclusive das outras escolas, e nosso trabalho foi reconhecido em todo o município. O pessoal do Greenpeace sugeriu que nós envolvêssemos outras pessoas e colhêssemos assinaturas para esse abaixo assinado para o desmatamento zero e o foi o que fizemos em uma reunião de pais que houve na escola”.
 
Todo grande movimento começa com um pequeno. O que mais te incomoda no seu pedaço de mundo? Será que você está sozinho nesse barco? Conte pra gente.

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