04 dez
Quais seriam as oportunidades de atuação profissional em uma área natural?
Quais seriam as oportunidades de atuação profissional em uma área natural?
Respostas a essa questão não faltam. Alguns exemplos seriam: atuação como pesquisador(a) para o desenvolvimento de pesquisas científicas; como monitor(a) ambiental para a condução de visitantes; como guarda-parque, auxiliando na proteção e manutenção da área; como educador ambiental, desenvolvendo práticas e dinâmicas interpretativas para que a vivência no ambiente natural seja um momento de sensibilização e encantamento…. E por aí vai.
Durante quatro dias, o Instituto Ecofuturo e seus parceiros, juntamente com os alunos da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (campus Imperatriz), Universidade Federal Rural da Amazônia (campus Parauapebas – Pará), puderam refletir sobre essas e outras questões no VI Seminário de Estudos Florestais, promovidos pela UEMA entre os dias 20 e 25 de outubro de 2014.
Começamos o minicurso com uma visita à uma área natural que seria foco das nossas conversas, a Fazenda Itabaiana. Situada a aproximadamente 50 km de Imperatriz, entre os municípios de Açailândia e Cidelândia, em uma região considerada de significativa importância por estar em uma região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia.
A importância biológica que a floresta amazônica representa em nível global, sendo a maior floresta tropical e com megadiversidade de habitats e espécies, sendo a maior bacia hidrográfica do mundo, entre outros, fazem deste ambiente um dos locais prioritários para a conservação.
Ao mesmo tempo, o processo histórico de ocupação deste bioma propiciou que esta região fosse foco de diversos debates, em função do modelo de desenvolvimento adotado para o uso da terra que não considerava os atributos da floresta e de sua população. Isso ocasionou elevadas taxas de perda e degradação de floresta tropical, juntamente com realidades sociais caracterizadas por conflitos agrários, trabalho escravo, grilagem, concentração de terra, urbanização precária, desflorestamento ilegal, enfim um cenário preocupante do ponto de vista socioambiental.
Neste cenário, a região de borda leste e sul do bioma Amazônico foram os locais que mais sofreram com essas realidades, tendo também a maior ocupação humana: conhecida como o Arco do Desflorestamento, ou seja, nessa região apresenta-se a menor porcentagem de floresta da Amazônia, que se mantém apenas na forma de unidades de conservação, terras indígenas e reservas legais de propriedades rurais que se encontram em situação fundiária e ambiental legal.
Assim, a porção oriental do Arco do Desflorestamento, local onde se situa a Fazenda Itabaiana, se configura na menor Zona de Endemismo da Amazônia e com o maior grau de ameaça, apresentando atualmente apenas 28% de sua área na forma de remanescentes florestais, o que reforça a necessidade de atenção e conservação dessa localidade.
Para que isso seja possível, precisa-se de pessoas engajadas e dispostas a entender a realidade que os cerca, de forma que possam contribuir efetivamente na proteção da fauna e flora locais. Daí o tema do curso.
Foram discutidos temas como a importância da elaboração de um Plano de Manejo (veja alguns exemplos desse documento técnico na biblioteca virtual do Ecofuturo), a importância de um gestor participativo e engajado, assim como as potencialidades da educação ambiental e a necessidade de um planejamento participativo junto às comunidades do entorno da área a ser protegida, com o intuito de minimizar os chamados vetores de pressão (como caça, corte ilegal de árvores, incêndios florestais, etc.).
Um dos alunos, José Cleber de Oliveira e Sousa Junior, graduando do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia relatou, “o grande aprendizado e ponto chave das discussões foi a inserção da sociedade nas questões referentes à gestão e manejo conscientes dos recursos naturais em UC, e não somente nestas, como ferramenta de conservação (…) . Creio que a maioria de nós, alunos de Engenharia Florestal e Ciências Biológicas, iniciou o minicurso com um pensamento preservacionista e, aos poucos, com argumentos embasados pela própria experiência dos profissionais do Ecofuturo, o cenário das discussões foi se rearranjando e ao fim das atividades pudemos enxergar que a integração da sociedade às questões ambientais é de suma importância para um maior êxito conservacionista”.
Autora: Julia Lima