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fev
Jovens Protagonistas na Campanha Eu Quero Minha Biblioteca
Atuando diretamente no Ensino Médio – incluindo as modalidades Integral e Profissional – e no Ensino Fundamental, o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação – ICE desenvolve ações que promovam a qualidade do ensino e da aprendizagem na escola pública em vários estados brasileiros. Focado em educação pública de qualidade e educação para o meio ambiente e para a saúde, traz no bojo de suas metodologias o conceito de Jovens Protagonistas. “Trata-se de um grupo de jovens articulados que, por motivações convergentes nos seus respectivos projetos de vida, têm como meta a multiplicação do conceito criado por Antônio Carlos Gomes da Costa, pedagogo que deu a base pedagógica às escolas de tempo integral”. Quem explica é Anderson Bezerra da Silva, de 22 anos, que viveu intensamente essa experiência pedagógica, à qual credita as bases para que ele alcançasse “patamares nunca esperados”, como passar no vestibular de uma Universidade Federal na primeira tentativa e ser graduado com menos de 30 anos – feito até então improvável, segundo ele, dadas as poucas oportunidades oferecidas por sua comunidade.
Residente no bairro de Peixinhos, na periferia de Olinda, o rapaz ativo e sorridente conversou por e-mail com o Instituto Ecofuturo sobre uma das linhas de atuação do Jovens Protagonistas: o apoio à Campanha Eu Quero Minha Biblioteca, que conta com o ICE entre os parceiros de coalizão.
Fale um pouco mais sobre os Jovens Protagonistas.
Esses jovens vivenciaram na escola o conceito de que o Jovem é sujeito e objeto no desenvolvimento de suas potencialidades. Desse modo, é ele o ator principal de suas ações, sendo responsável por fazer escolhas e assumir as consequências geradas por elas. Tendo isso por base, muitos jovens experimentaram na escola um processo de construção do jovem competente, autônomo, solidário e consciente do seu papel social, atuando nos meios como parte da solução e não do problema, como socialmente o jovem é visto. Toda essa experiência vivida motiva o movimento desse grupo que objetiva a multiplicação desse conceito e processo, que mudou a nossa forma de ver, agir e pensar enquanto juventude.
Quais as ações empreendidas pelos Jovens Protagonistas e como eles se articulam para desenvolvê-las?
Dentre as ações desenvolvidas pelos jovens estão: Multiplicação do conceito do protagonismo juvenil para as novas escolas nesse modelo; Articulações e envolvimentos em projetos sociais que atuam na formação do jovem e seu projeto de vida; Apoio voluntário às escolas em que atuamos enquanto alunos para assim fortalecer o trabalho e ampliar a rede de protagonistas; Apoio ao ICE em suas ações educacionais, como corresponsáveis pela educação, e Formação de outros jovens protagonistas. As articulações acontecem de diversas formas: redes sociais, encontros presenciais em locais alternativos e, sobretudo, a partir dos nossos vínculos de amizades oriundas desse modelo.
Como surgiu a iniciativa de mobilizarem-se pela Campanha Eu Quero Minha Biblioteca e como isso tem sido feito?
Um dos grupos de protagonistas atua diretamente no desenvolvimento e manutenção do Portal do ICE Brasil, que é uma das instituições que fazem parte da coalizão. Uma pessoa vinculada ao ICE nos chamou para conversar sobre essa campanha e nos pediu para divulgar um banner. Daí surgiu a ideia de um envolvimento maior desta equipe, que planejou ações e vem desenvolvendo a mesma por meio das redes sociais, através de uma página no Facebook e por meio da rede de protagonistas juvenis espalhados por vários estados do Brasil.
Quais os resultados obtidos até agora e quais os principais desafios?
Os resultados ainda são tímidos diante das nossas pretensões, pois queremos uma campanha viral nas redes e levar o assunto à presidente do país, mostrando a nossa força jovem e que, sim, estamos interessados em qualificar a educação do Brasil nas suas multifacetadas áreas. No momento temos núcleos de jovens articulados e que exercem participação social por meio dos espaços que encontram para a inserção desse tema nas agendas politicas de seus municípios e mantemos uma página que informa e divulga a lei 12.244/10.
Como as pessoas, de modo geral, estão percebendo a Campanha Eu Quero Minha Biblioteca? Ou melhor: Como vocês percebem essa comunicação entre a coalizão e a sociedade civil, por exemplo?
A questão está em ter ou não acesso às informações necessárias para se exercer a participação social. Desse modo, todas as formas de divulgação são válidas, desde uma foto no Facebook a um comercial vinculado nacionalmente pela televisão. A sociedade entende, senão nunca poderíamos estar atuando enquanto juventude nessa campanha. Fazemos parte dessa sociedade e arrisco dizer que ela não só entende como sente – afinal de contas, são os filhos deles que têm uma educação pública de baixa qualidade e poucos espaços de leituração, socialização e cultura.
Na página que vocês mantêm no Facebook e através da qual divulgam a Campanha, como tem sido a interação com o público?
A página é e deve ser vista como um espaço alternativo de cunho virtual onde podemos, nos diversos territórios que ocupamos, dialogar sobre a importância dessa campanha, além de ser o lugar onde mostramos nossas ações e reações neste campo. O público tem literalmente curtido, e vem divulgando através de suas redes pessoais o que publicamos, o que dá à campanha visibilidade – que no final é o que realmente queremos.
Quando pensam que, conforme a lei 12.244/10, até 2020 todas as escolas deverão ter biblioteca, ao tempo em que consideram o enorme desafio que isso significa, vocês são otimistas ou pessimistas?
Acredito que mais do que pessimistas ou otimistas, precisamos ser realistas… A campanha é importante e pode contribuir muito para a efetivação da lei, no entanto a coisa só acontece com vontade política e participação social. É sabido que já existem os recursos, o que falta é deixar a demagogia de lado e usar os recursos da forma correta, favorecendo a pedagogia – ou seja, o caminho mais rápido é trocar demagogia por pedagogia. Nesse sentido, somos otimistas, pois acreditamos que ainda existem muitos políticos responsáveis e conscientes das suas responsabilidades diante da sociedade e é para alcançar a esses que estamos trabalhando.
Vocês são leitores assíduos? Como se deu a formação leitora de vocês e a sua relação com os livros? Sempre tiveram livros disponíveis?
Não dá para responder as especificidades de todos, mas no geral esse grupo de jovens vem de famílias muito vulneráveis, e residiam em periferia onde o acesso à leitura é limitado e, na maioria das vezes, inexistente por meio do poder público. A leitura aconteceu basicamente na escola, onde tínhamos uma biblioteca estruturada e, mais que isso: que funcionava e nos possibilitava o uso. A leitura pode ser muito encantadora, se apresentada de forma correta e estimulante; se o convite for feito de maneira envolvente, seremos eternos viciados no mundo dos sonhos proporcionados pelos livros.
Anderson Bezerra da Silva, 22 anos, cursa o último período da Faculdade de Serviço Social na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. O acesso do jovem à leitura, "na essência do seu sentido", se deu no Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano, primeira escola com o modelo de tempo integral no Estado.
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