04 fev

Cada um no seu quadrado num mundo redondo

Quem dá aula em escola sabe: a expressão cada um no seu quadrado faz muito sentido. Cada um na sua sala, cada um na sua matéria, cada um com as suas provas, cada um com seus problemas.
 
Fora da escola não é muito diferente. Há uma certa introspecção por conta da competitividade, medo ou vaidade. Eu não conto a minha ideia, pois, se ela for boa, podem roubar, se ela for ruim, vou passar vergonha. Se ela for média, bem, melhor eu me preocupar em ter uma nova ideia.
 
Será que tem que ser assim? Será que tem que ser assim, tão quadrado? Por mais que a gente tente, a vida não é tão geométrica. Muitas vezes, 1 + 1 não é igual a 2. Quantas histórias de amor, onde um gostava intensamente do outro, acabou em zero? As linhas não são retas. Elas fazem curva, viram pontilhados, se apagam, recomeçam. Um trabalho dos sonhos que se concretiza em um pleno desastre. Quem nunca? E a amizade que vira paixão? Em qual gaveta colocar? Qual é o espaço, qual é o quadrado?
 
Mas sair do nosso quadrado dá um trabalho… O que está além do nosso horizonte, dos nossos limites? O outro. Os outros. E não dá pra chegar invadindo, tem que ser com cuidado. Tem que mostrar que você não está ali para competir, mas para compartilhar. Mas são nessas trocas que a mágica acontece. Arroz, puro e cru, por exemplo. Mesma coisa de comer areia. Mas coloca cebola, alho e óleo pra você ver o que acontece. Fica bom. Põe um feijãozinho depois, então. Fica ótimo.
 
É a mesma coisa com as ideias. Sozinha, uma ideia ruim vai custar para ficar boa. Misture com os ingredientes do outros, faça uma feijoada. Mas nada de depois dizer que a feijoada só foi boa, porque você levou o feijão. Compartilhe até os créditos. O feijão sem a linguiça, a costelinha, a farofa e a couve é só feijão.
 
Saia do seu quadrado. Faça uma feijoada. E bom apetite.
 

 

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