28 ago
Selecionando e atualizando acervos a partir de recursos públicos
Os livros são as principais ferramentas da equipe da biblioteca para transformar a comunidade; é sobretudo através deles e em torno deles que giram todos os esforços para um trabalho de qualidade, transformador e impactante. Quando a comunidade se apropria dos livros e gera demanda para novas aquisições, a biblioteca está funcionando no exercício legítimo da sua função. Por isso, a análise cuidadosa do acervo reflete o carinho e o cuidado dos funcionários para com os usuários da biblioteca, que têm o seu desejo leitor reconhecido e estimulado.
Para tanto, a seleção e a qualidade do acervo devem ser pensadas cuidadosamente já na implantação da biblioteca, e seguem exigindo a mesma atenção constantemente, pois faz parte do trato com os acervos e da dinamização da leitura a frequente atualização.
O processo de aquisição do acervo para a nossa rede de Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso é realizado em duas etapas. A primeira se dá antes da inauguração da biblioteca; através da parceria técnica com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, onde um especialista seleciona os livros de literatura que vão compor o acervo inicial. Nesta fase são adquiridos 70% do acervo total, ou seja, em torno de 700 livros.
A segunda etapa se dá com a biblioteca já em funcionamento, e consiste em adquirir o restante do acervo – em torno de 300 livros –, a partir da indicação dos funcionários da biblioteca e da própria comunidade. Neste caso, se trata do acervo específico, que varia de uma biblioteca para outra, pois vai depender dos anseios dos usuários. É na hora da seleção do acervo específico que a população tem a chance de decidir ativamente por uma biblioteca que seja “a cara da comunidade”, e aos funcionários da biblioteca cabe prestar atenção nessa demanda por livros que abordem assuntos do interesse dessas pessoas e atraiam leitores.
O acervo inicial é composto por livros informativos e de literatura para crianças, jovens e adultos. São obras reconhecidas pelo Prêmio FNLIJ, nas mais diversas categorias: imagem, poesia, projeto editorial, escritor revelação, melhor ilustrador, livro brinquedo, teatro, literatura de língua portuguesa, etc. Também são adotados livros reconhecidos em outros prêmios, como o Jabuti. Já o acervo específico é personalizado; depende da participação ativa da comunidade, que faz o levantamento do desejo de leitura dos frequentadores da biblioteca para que possamos comprá-los.
Com esta metodologia pretende-se garantir que publicações mais recentes, novidades do mercado editorial e características regionais sejam contempladas.
O número inicial de 1.000 livros também não é por acaso. O tamanho do acervo mínimo segue as orientações da lei 12.244/10, que determina a implantação de bibliotecas em todas as instituições de ensino do país até 2020. Conforme o parágrafo único do 2° artigo da lei:
“Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares”.
Vencida essa primeira etapa de implementação e uma vez que o acervo está devidamente organizado para facilitação da busca pelos usuários, o trabalho seguinte e a atenção dos funcionários da biblioteca para com o acervo devem ser pautados pela própria dinâmica de uma biblioteca viva e formadora permanente de leitores: a atualização do seus suportes de leitura. Por isso, é de extrema importância que a biblioteca possua acervo atualizado, com literatura diversificada – clássica e contemporânea, para todas as idades – e faça assinaturas de revistas e jornais, de acordo com a necessidade dos professores e do interesse da comunidade.
Uma biblioteca é sempre diferente da outra, e a sua singularidade está no acervo e nos seus frequentadores. Cabe aos funcionários de cada biblioteca buscar programas de apoio para melhorar e atualizar o acervo, pois são eles que melhor conhecem as aspirações e dinâmicas de leitura da sua comunidade. E ao participar de um edital de seleção, compra e doação de acervo, a equipe de biblioteca deve considerar as características de seus usuários e até mesmo consultar os frequentadores da biblioteca a fim de definir, de forma coletiva e democrática, as necessidades de cada local.
E os recursos para o acervo, onde estão e como acessá-los?
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais de Educação – FUNDEB (no caso das biblioteca escolares) e os editais do Ministério da Cultura – MinC (no caso das bibliotecas públicas) disponibilizam recursos para compra e renovação do acervo. Mas existem programas bem específicos para isso. Vejamos.
· Programa Nacional Biblioteca Da Escola – PNBE, do Ministério da Educação. Criado em 1997, o PNBE tem como objetivo a distribuição de acervo para escolas, professores e alunos. Atende a todas as escolas públicas de educação básica cadastradas no Censo Escolar. A distribuição dos acervos é realizada em anos alternados. Em um ano, as escolas de educação infantil, de ensino fundamental (anos iniciais) e de educação de jovens e adultos são contempladas; no ano seguinte, são atendidas as escolas de ensino fundamental (anos finais) e de ensino médio. Ou seja, todas as escolas recebem livros do PNBE, pelo menos uma vez a cada dois anos. O Programa é centralizado pelo MEC, que disponibiliza o acervo no seu portal e, após a compra, envia os livros diretamente às escolas, pelo correio. Segundo o MEC, em 2013 o programa vai distribuir cerca de 6,7 milhões de livros – um investimento de R$ 66 milhões de reais em obras literárias que serão distribuídas em 50 mil escolas do país. Para saber mais, clique aqui.
· ProLer. A Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao MinC, coordena estratégias para fortalecer políticas públicas para biblioteca, livro e leitura, através do ProLer, abrindo frequentemente editais para seleção e recebimento de acervo. Saiba mais, clicando aqui.
· Pontos de Leitura. Outra opção, não diretamente vinculada às bibliotecas é o Edital do Projeto Pontos de leitura, do MinC, que tem como objetivo reconhecer iniciativas e projetos de incentivo à leitura em diversos locais, como bibliotecas comunitárias, Pontos de Cultura, hospitais, sindicatos, presídios, associações comunitárias, fábricas, etc. Podem participar do edital pessoas físicas e jurídicas, que recebem prêmio de R$ 20 mil para investir em acervos e atividades que estimulem e qualifiquem a leitura. Para saber mais, clique.
Os editais do Ministério da Cultura para todo o Brasil podem ser acessados aqui.
Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso vencem edital da Fundação Biblioteca Nacional
Em dezembro de 2011, algumas das Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso se inscreveram no Edital para Seleção de Livros para o Programa de Ampliação e Atualização de Acervos de Bibliotecas de Acesso Público e Aquisição pelas Bibliotecas Públicas Estaduais e Municipais Junto aos Pontos de Venda Constantes do Cadastro Nacional de Pontos de Venda. Apesar do nome imenso, o processo foi bastante simples, estando habilitadas para concorrer todas as bibliotecas públicas municipais e estaduais inscritas no Cadastro Nacional de Bibliotecas Públicas, do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). Aliás, este é um ponto essencial: estar cadastrada no SNBP é condição essencial para uma biblioteca ter acesso aos editais da FBN. Se ainda não se cadastrou, clique aqui.
9 Bibliotecas comunitárias da nossa Rede Ler é Preciso foram contempladas no edital e se preparam para a compra de novos livros e renovação do acervo. A Biblioteca Comunitária de Alagoinhas/BA vai receber R$ 4.125,98. “Escolhemos 436 livros, sendo que cerca de 40 deles foram em libras, por conta de uma demanda identificada na comunidade”, conta Claudemir dos Santos Paixão, funcionário da Biblioteca. Segundo ele, a maioria dos usuários tem entre 8 e 15 anos, “e quando surgem pedidos de livros que ainda não existem no nosso acervo, procuramos adquiri-los através de doações”.
Alessandra Keller, funcionária da Biblioteca Comunitária de Pardinho/SP, que também vai receber R$ 4.125,98 para aquisição de acervo, diz que “o processo de inscrição no edital foi muito rápido e fácil; nós preenchemos um formulário online com todos os dados da Biblioteca e dos funcionários”. A Biblioteca, que recebe constantes doações de livros, tanto da comunidade quanto de órgãos públicos e privados, leva em conta a demanda de seus usuários para atualização do acervo.
Abaixo você confere as outras Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso contempladas no edital da FBN, com os respectivos valores da compra dos acervos:
Açailândia – Vila Ildemar/MA – Biblioteca Zeila Ferradaes Vilar dos Santos – R$ 4.125,98
Aimorés/MG – Biblioteca Pública Municipal Ler é Preciso de Aimorés – R$ 8.391,81
Buíque/PE – Biblioteca Pública Municipal Graciliano Ramos – R$ 8.733,95
Calcado/PE – Biblioteca Pública Municipal de Calcado – R$ 6.641,03
Camaçari/BA – Biblioteca Antônio Alves Sobrinho – R$ 4.125,98
Estrela do Sul/MG – Biblioteca Municipal Francisco de Paula Brasileiro – R$ 6.974,05
Ruy Barbosa/BA – Biblioteca Municipal Cora Bastos Guedes – R$ 8.90,20
Parabéns às bibliotecas contempladas! E agora que sabemos como se faz, mãos à obra!
Equipe responsável: Instituto Ecofuturo
Texto: Reni Adriano
Onde procuro recursos para ampliação da biblioteca municipal do meu município? Preciso de orientação. Por gentileza, aguardo um respaldo.
Olá, Rozângela. As Bibliotecas Comunitárias Ecofuturo são implantadas por meio de uma parceria com a iniciativa privada, que é a responsável pelo investimento, com o Poder Público e a comunidade local, que se comprometem com a manutenção após a inauguração. O Instituto Ecofuturo não dispõe de recursos próprios para investir em projetos. Para chegarmos ao seu povoado, é preciso então que algum patrocinador selecione a região. Vamos torcer para que isso aconteça em breve! Você pode saber mais sobre o projeto em nosso site: http://www.ecofuturo.org.br/blog/projeto/bibliotecas-comunitarias/biblioteca-comunitaria-ler-e-preciso/
Mas você como cidadão pode requisitar uma biblioteca diretamente com o Poder Público, saiba mais sobre a Campanha Eu quero minha biblioteca no site: http://www.euquerominhabiblioteca.org.br/ e veja o material que a equipe do projeto preparou para auxiliar você, cidadão, nesse processo! Em caso de futuras dúvidas, seguimos à disposição. ?