07 maio
A terceira margem do rio
A terceira margem do rio*
Na última semana, chegou nas livrarias um livro chamado “A Ponte” (Ed. Brinque-Book), dos austríacos Heinz Janisch e Helga Bansch. Na história, um urso e um gigante se encontram no meio de uma longa e estreita ponte. Tão estreita, que é impossível que os dois atravessem ao mesmo tempo. Como resolver o conflito? A primeira tentativa é a mais óbvia: no grito. Nada acontece. Inicia-se, então, um dialogo e, por meio dele, a solução: “Eu me seguro em você e você em mim. Assim nenhum dos dois cai dessa altura. Depois giramos”. E a passos curtos, quase dançando sobre o abismo, o impasse foi resolvido com um simples abraço.
E o que isso tem a ver com o prometido post sobre a Rio+20 ? Muita coisa.
Em artigo publicado no final de fevereiro, http://www.ecopolitica.com.br/2012/02/24/os-temas-ambientais-criticos-neste-seculo-e-a-rio20/, o sociólogo e cientista político Sérgio Abranches fala sobre um relatório do Pnuma, programa de meio ambiente da ONU, chamado de “21 temas para o século 21”. Esses assuntos devem pautar parte da conferência Rio+20, que ocorre no próximo mês, no Rio, na qual governantes e chefes de Estado do mundo inteiro vão se reunir para chegar a consensos em prol da sustentabilidade do planeta.
Sérgio Abranches
Um desses temas é o que os especialistas apelidaram de “ponte quebrada”: a falta de comunicação entre a ciência e as políticas. “A sociedade precisa de estratégias e políticas para lidar com a mudança climática que estejam baseadas em ciência robusta e evidências sólidas. Mas a relação entre a comunidade científica e os formuladores de políticas públicas e corporativas é inadequada ou está se deteriorando e essa ponte quebrada está comprometendo o desenvolvimento de soluções globais para a mudança ambiental global. É preciso um novo olhar sobre como a ciência está organizada e como a conexão entre ciência e políticas pode ser restaurada e melhorada”, diz Abranches.
Talvez, o que cientistas e políticos precisem é de um abraço. Concorda? Discorda? O que acha disso? No próximo post vamos falar como estamos todos conectados, eu, você, os peixes, as árvores, os cientistas, os políticos…
*título emprestado do conto homônimo de Guimarães Rosa