24 ago
“A literatura é fundamental na formação da consciência ecológica.”
EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ECOPEDAGOGIA OU EDUCAÇÃOO SUSTENTÁVEL?
Tenho medo de palavras que fecham significados! Educação ? algo que apreendemos a partir da convivência com os adultos que nos cercam: adultos leitores, crianças leitoras; adultos inconsequentes, crianças inconsequentes. Isso me parece o modelo que tem sido seguido pelas sociedades ind?genas para educar suas crianças, tornando-as completas como seres humanos. Outros modelos pautados em definições fora do contexto interno, interior, nos levam a pensar que somos maiores do que realmente somos. Isso nos conduz ao caos que ora presenciamos. De que vale um modelo te?rico se ele não passa da cabeça e não chega ao coração?
SUSTENTABILIDADE
O aprendizado da sustentabilidade começa no berço. Famílias que ensinam aos filhos, pelo exemplo, a cuidar do planeta (com simples gestos de não jogar lixo no chão ou cultivar hábitos saudáveis) j? estão contribuindo – e muito – para a manutenção da nossa casa comum.
LEITURA E CONSCIÊNCIA
A leitura nos revela quem somos. Ao lermos temas que nos permitem melhorar, vamos fazendo crescer internamente um desejo de partilhar a alegria de vivermos em um planeta que n?o precisa ser de ninguém, pois j? ? de todos. Quanto mais lemos, mais vamos nos esvaziando de nós mesmos e nos enchendo do TODO que habita TUDO.
O PAPEL DA ESCOLA
Se n?o for apenas educa??o escolar, acredito que tudo depende de educa??o. Os educadores (pais, professores, escolas, empresas) precisam entender que a escola n?o ? tudo; apenas nos permite conhecer melhor o mundo em que vivemos. Agora, transformar o mundo passa por outro tipo de experiência que a escola n?o ensina, porque n?o se ensina a ser bom. Ensina-se o que ? o Bem. O movimento para chegar a ser bom ? coisa da educa??o.
CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
Eu n?o acredito nisso. Ensinar alguém a ter consciência é oferecer a ele a péssima id?ia de que se ? maior e melhor que o ambiente em que habitamos. Isso ? o que caracteriza o Ocidente: o ambiente está fora das pessoas para ser explorado, expropriado. Esta vis?o ? ego?sta e destruidora. Para que alguém seja realmente “sustentável”, precisa sentir-se participante do meio e interagir com ele de forma a sentir-se integrado, pertencente ao planeta, e n?o um explorador que chega para devastar e depois vai embora – mas vai embora para onde? N?o existe esse lugar para refugiar-se do estrago causado ao planeta. A saída ? CUIDAR. Para isso, temos de mudar a vis?o de desenvolvimento, de consumo, de progresso, de posse. Precisamos de fato nos sentir envolvidos por esta Grande-M?e que ? a Terra, que habitamos.
Para ir além
Daniel Munduruku é formado em Filosofia, com licenciatura em Hist?ria e Psicologia e doutorando em Educação na USP, ? escritor, diretor-presidente do Inbrapi, pesquisador do CNPq , comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República e autor de mais de 30 livros voltados ao público infantil e juvenil.
Eis alguns de seus livros:
Coisas de Índio, O sinal do pajé, Meu vô Apolinário (menção honrosa do Prêmio Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância, da Unesco).
Visite o Blog do Daniel: http://danielmunduruku.blogspot.com.