Pela primeira vez, desde 2018, um bugio (Alouatta sp.) foi registrado no Parque das Neblinas, reserva de ambiental da Suzano S.A. gerida pelo Instituto Ecofuturo. A espécie foi identificada pela equipe do Instituto por meio de sua vocalização, registrada em vídeo na ocasião. A ausência da espécie na área é consequência do surto de febre amarela que afetou a população de bugios, espécie mais sensível à doença do que outros primatas.
O som característico da espécie foi registrado pela equipe de guarda-parques durante uma ida a campo na área da RPPN Ecofuturo, um espaço mais preservado localizado no centro da área do Parque. “Até esse período [surto de febre amarela], nós registrávamos regularmente a presença do bugio na área e, após o surto, ele não havia mais sido visto. Por isso, o registro é tão relevante e animador” afirma David Almeida, supervisor de operações do Ecofuturo.
Na época, a febre amarela vitimou uma grande população de primatas, tanto os que habitavam áreas urbanas, em zoológicos e parques, quanto os que viviam na natureza. A estimativa é que mais de 5 mil primatas tenham morrido pela doença e pela violência humana, consequência de má informação – houve casos de envenenamento e até espancamento desses animais. Além de não serem transmissores, os primatas funcionam como bioindicadores ao acionar um alerta sobre surtos da doença.
A aparição dos bugios no Parque das Neblinas representa um importante indicativo da força de recuperação da biodiversidade da Mata Atlântica e sinaliza que a reserva oferece as condições necessárias para a alimentação, habitat e reprodução da espécie.
“Ficamos felizes com a constatação de que os bugios podem estar retornando aos poucos ao Parque das Neblinas e que o Ecofuturo e a Suzano estão contribuindo para a conservação deste primata”, diz Fabiano Rodrigues de Melo, biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O Parque das Neblinas, localizado em Mogi das Cruzes e Bertioga (SP), é uma reserva de Mata Atlântica com 7 mil hectares em diversos estágios de regeneração e abriga mais de 1,3 mil espécies de fauna e flora já registradas no local, sendo nove de primatas e, entre elas, o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) e muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides).
Confira o registro no canal do Instituto no Youtube: https://youtube.com/shorts/aFLSNOepvZY